4 de junho de 2009

Dia dos namorados é todo dia

Dia das mães, dos pais, da criança, do índio e por aí vai. Dia dos namorados é o próximo, 12 de junho.

Para que esses tais dias? Para vender mercadorias, é a resposta mais direta. Mas, só para isso? Objetivamente, sim, dirão os práticos, os idiotas da objetividade de Nelson Rodrigues. A estes cabe lembrar o que é o amor, seja por pai, mãe, índio, criança ou namorados e namoradas.

O amor é o patrono da singularidade. É através dele que se constitui a autonomia de alguém, apenas quem ama é alguém. Amar, porém, não é trepar, é preciso ficar claro. Também não é grudar em alguém só para escapar de meia dúzia de angústias e sugar a vida do suposto amado ou amada.

Por que o amante é singular, é gente? Por que ele sabe que não pode esperar nada de quem ama, que tudo o que vem dessa pessoa é um presente. Que não há nada que se possa fazer para obrigar alguém a dar algo que não pode dar - porque não tem - e que amar é aceitar não apenas a pessoa amada, mas a nós próprios, que amamos. Amar, de certa forma, é aceitar a solidão, é se descobrir só, como, afinal, é nosso destino, de todos os que chamamos de humanos. Não dá pra usar o amor para fugir da solidão, ela é uma realidade, ou melhor, é real. Não há amor sem solidão, não há como amar tentando não ser sozinho.

Cuidado, amar é perigoso. A lógica de convivência que une os laços em nossa sociedade não admite o amor. Geralmente quem ama é punido por isso.

A paixão, por sua vez, é o estado de negação da solidão. Um delicioso e tenebroso delírio no qual escapamos de nossa condição de autonomia, de solidão, aquilo que nos faz ser o que somos. Quer destruir alguém, se apaixone por esse alguém. O problema é que você se destruirá também...

Eu amo e tenho certeza de não preciso de dia nenhum para representar meu amor. Amo todo dia, amo para sempre. E nesses momentos, me descubro só e descubro que esse é o tempero que faz com que meu amor seja maravilhoso. Obrigado Karina. Por você, por seu amor, enfrento os perigos de amar neste mundinho cheio de ressentimentos com relação a quem ama.
(Entendo bem do assunto: meu filho Alexandre nasceu em 12 de junho; minha filha Alice nasceu em 14 de fevereiro - valentine's day)

Luiz Geremias

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